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Trechos do Livro
Pensamento Crítico e Argumentação Sólida

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LIVRO JÁ DISPONÍVEL

Pensamento Crítico e Argumentação Sólida

Vença suas batalhas pela força das palavras


Do Capítulo 2

Mas Afinal, Que É Um Argumento?

Se eu falar "choveu ontem" estarei afirmando algo. Pode ser verdade ou mentira, não importa. Também posso dizer que "todos os homens são mortais". A essas frases damos o nome de proposições. Elas são as constituintes fundamentais dos argumentos. Mas não podem ser confundidas com outros tipos de frase, como as questões ("Qual a capital da Grécia?"), as declarações ("Eu vos declaro marido e mulher"), as formas imperativas ("Por favor, faça três cópias deste documento") e muitas outras. As proposições tem um caráter especial, o caráter de alegar ou propor uma idéia ou conceito. As proposições são as bases de sustentação na construção de um argumento. Mas o que é um argumento? Veja algumas das maneiras de definirmos:

      Um argumento é uma alegação suportada por outras alegações

      Um argumento são razões suportando uma conclusão

Então, um argumento é um conjunto de proposições que usamos para promover suporte (justificar,  levar-nos a crer) na veracidade de uma conclusão (uma outra proposição).

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Do Capítulo 3

Analisando a Indução

Como vimos, a indução é um tipo de raciocínio que usa ocorrências específicas do passado para sugerir o futuro. Por isso, a indução é forma de raciocínio que parte do particular (ocorrências ou amostras específicas) para o genérico (regras, determinações gerais). Sua principal atividade consiste em derivar novas conclusões (as generalizações) a partir do exame de alguns poucos exemplares. Talvez você ache que esse tipo de estratégia não tenha nada de inconveniente, afinal isso representa bastante do nosso pensamento diário . Mas não é difícil criar exemplos nos quais a indução nos levaria a riscos grandes:

"Meu amigo sempre nada naquela praia que dizem estar infestada de tubarões e nunca foi mordido por um deles. Então, eu vou nadar lá também"

Esse raciocínio é indutivo e, obviamente, bastante perigoso. Ele é indutivo porque baseia-se na generalização de algumas evidências[...]

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Do Capítulo 4

[...]Certa vez, o Príncipe Charles foi observado conversando com plantas. Todos nós fazemos algo similar de vez em quando (quem já não xingou seu computador, quando ele trava e perdemos todo nosso trabalho?). Mas o episódio de falar com aquilo que não poderia nos responder pode ser empregado como munição para um ataque Ad Hominem certeiro:

"A idéia de ver o Príncipe Charles conversando com vegetais não é tão extraordinária assim, basta lembrar que ele teve muito tempo de prática conversando com os membros de sua família"
Jaci Stephens, The Sunday Times (Leach 1996)

O texto é engraçado, cumpre o papel de uma leitura interessante, mas não deixa de ser um Ad Hominem à família real. Empregado de forma isolada, esta construção só serve mesmo para divertir (divertir, obviamente, se você leitor não fizer parte da família real).

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Do Capítulo 4

[....] é isso o que intuitivamente esperamos, mas a justificativa oferecida para essa alegação é feita através de argumentação falaciosa e de uma conclusão bastante questionável:

"Os orientais dizem: para você beber vinho numa taça cheia de chá, é necessário primeiro jogar o chá para, então, beber o vinho. Ou seja, para aprender o novo, é essencial desaprender o velho..."
[Roberto Shinyashiki, publicado no Fascículo No. 3 da coleção "Soluções em Tempo de Crise", Mifano Comunicações, 2000]

Localizo dois problemas nesse trecho. Primeiro, uma taça de chá não é uma boa analogia para a questão. Fica aqui uma idéia de "desperdício irracional", já que seria possível conceber outras formas de se beber o vinho sem ter que necessariamente jogar fora o chá. Mas qual a relevância dessa minha crítica? Não deveria eu tolerar essa forma de expressão? Não seria essa simplesmente uma construção literária, com beleza retórica, uma forma de ilustrar uma visão?  Porque insisto em criticar isso?
O grande problema dessa construção é que ela está sendo usada como premissa para justificar uma conclusão ("Ou seja, para aprender o novo, é essencial desaprender o velho"). Oras, isso não é óbvio! É, na verdade, questionável. Não é trivial, requer justificação. O resultado final é que está se usando de uma analogia imprópria e fraca para tentar providenciar algum suporte para a duvidosa idéia de que se deve esquecer o passado para acolher o futuro. Esta realmente não é uma idéia tão óbvia assim.
Portanto, além de nos apresentarem uma premissa ruim, a própria conclusão é muito questionável, pois além de não haver nenhuma relação de implicação com as premissas oferecidas (ou seja, seria um caso clássico de non sequitur, conforme veremos no próximo capítulo) o texto ainda traz uma idéia criticável, a de que devemos jogar fora nossas experiências passadas para "ter espaço" para a entrada do "novo".
A conclusão tanto é ruim que acho muito mais plausível defendermos a idéia exatamente oposta: não devemos esquecer o passado para "dar espaço ao novo", não, devemos mesmo é lembrar muito bem dele para podermos compará-lo com o que vier pela frente. Só temos que aceitar o novo quando esse novo se mostrar realmente melhor do que o velho. Caso esse novo não seja igual ou melhor, é recomendável ficarmos com o velho.
E para fazer isso, não é "essencial desaprender o velho" como diz o texto, mas sim é imprescindível que lembremos do velho. O pensamento crítico e racional se baseia muito na idéia de compararmos as novas idéias, teorias, hipóteses, emoções, sentimentos, intuições, etc., com aqueles que carregamos historicamente. É racional e saudável mantermos conosco aquelas idéias que sobrevivem a uma comparação lúcida, aquelas que realmente julgamos ser melhor, independente de serem idéias novas ou velhas, minhas ou suas, de amigos ou de inimigos. O texto defende a idéia de que o "novo" é sempre melhor e que deve sempre substituir o velho. Seguir este conselho à risca pode ser, em alguns casos, até mesmo perigoso[....]

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Do Capítulo 5

Falácia Non Sequitur
Não Há Implicação

Este tipo de falácia é um dos casos mais engraçados, pois representa em geral argumentos que tem um certo "cheiro de insanidade". O Non Sequitur ocorre quando não há conexão lógica entre as premissas e a conclusão e em vários casos provocam risos.

"Como os Egípcios fizeram muitas escavações para construir suas pirâmides, devemos concluir que eram exímios paleontólogos"

Este caso é ligeiramente mais complexo:

"A inteligência inata dos brasileiros é claramente maior agora do que há quarenta anos, já que durante esse período nosso índice de analfabetização de adultos cresceu muito, devido a programas como o Mobral"

Inteligência inata é aquilo que nasce com o indivíduo, dependendo apenas de sua carga genética. De que forma o Mobral poderia influenciar geneticamente os brasileiros?

"Se Capitu não traiu Bentinho, então Machado de Assis é José de Alencar" Dalton Trevisan, sobre polêmica acerca de "Dom Casmurro" (Stycer 1996)

A frase acima é um claro Non Sequitur, embora possa ter certo efeito ridicularizador em uma exposição que pretenda investigar a real situação da personagem Capitu na novela de Machado de Assis. Note, entretanto, que não tem a menor validade como argumento.

"Protegendo os macacos, estaremos protegendo a nós mesmos, porque eles são os animais mais próximos do homem" Brigitte Bardot, durante ECO-92 (Stycer 1996)

Há como argumentar que, se isso for verdade, devemos iniciar prontamente a proteção dos ácaros, pois eles são mais próximos ainda do homem. Temos que defender os outros animais, mas não através de argumentos como esse.

Exagerando Um Pouco

Se você ainda não entendeu o Non Sequitur, aposto que com este exemplo vai entender:

"Gatos gostam de leite, portanto David Hume foi um importante filósofo britânico"

Gatos gostam realmente de leite. David Hume foi sim um importante filósofo britânico. Mas o que tem um a ver com o outro? Non Sequitur!

Casos Que Podem Ser Corrigidos

Às vezes podemos proferir Non Sequiturs quando interpretados de forma isolada, mas que passam a ser boas construções com a adição de algumas premissas. Veja este caso:

"Esta refeição contém carne, portanto ela não deve comê-la"

Um típico Non Sequitur, certo? Mas se adicionarmos a premissa "Ela é vegetariana", conseguimos corrigir nossa construção.

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Do Capítulo 6

Outras Sutilezas da Linguagem

Um dos casos de frequente disputa entre os moradores de grandes cidades tem relação com seus animais de estimação. É cachorro que faz xixi na porta do vizinho, é gato que come as flores da Dona Maria e por aí vai.
       Mas a coisa se complica mesmo quando o assunto chega no Pit Bull. Nesses casos, já não se está falando de coisas triviais como flores devoradas ou cocô na porta de casa. Fala-se agora de agressões sérias e até mesmo fatais a pessoas e crianças. O caso é sério porque de um lado temos as vítimas tentando (justamente) se defender da presença ostensiva desses animais perigosos, e de outro existe a vontade (e liberdade) de certas pessoas de terem o animal de estimação que desejarem. Fica sempre a questão de até onde esses animais realmente representam perigo potencial para as pessoas. Mas nossa intenção aqui não é mexer nesse "vespeiro", e sim relatar uma passagem falaciosa de defensores da criação desses animais. Assim eles escrevem tentando justificar porque eles devem ser tolerados:

"O pit bull pode atacar outros animais, mas pessoas só se elas o maltratarem ou fizerem algum movimento que o assuste"

Será que as pessoas podem se considerar protegidas se não "fizerem movimento que o assuste"? É este o problema aqui: uma pessoa pode estar andando na rua e em sua concepção não estar fazendo nenhum movimento que possa assustar o cão. Mas e na visão do cão? É possível que ele encare um certo movimento como assustador, mesmo que a intenção da pessoa não seja essa. Portanto, não é na percepção das pessoas que o movimento assustador deve ser avaliado, mas sim na percepção do cachorro. Se ele cismar que um aceno de mão para um conhecido do outro lado da rua é um movimento ameaçador, ele terá toda a justificativa de que precisa para partir para cima da pessoa com os dentes arreganhados. Que dizer então das crianças? Como poderiamos ensinar a elas para não fazerem movimentos bruscos ou ameaçadores se nem mesmo nós adultos sabemos ao certo o que é ameaçador para um cão? Assim, essa argumentação não tem força para suportar o caso dos criadores de Pit Bull [....]

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Do Capítulo 7

As Falhas de Discriminação

O pensador crítico é aquele que sabe avaliar as coisas. Sabe distinguir e separar noções. Muitas falácias e diversas falhas de raciocínio podem ser creditadas a discriminações inadequadas. Vamos ver algumas delas.

Falha em distinguir a idéia da pessoa
[ ..... ]

Distinção entre afirmação e evidência
É frequente a confusão entre uma afirmação ou opinião e uma evidência (fato). Para sustentar argumentos, precisamos usar evidências, e não afirmações ou opiniões. Afirmações devem ser usadas no máximo como conjecturas temporárias para demonstração de um ponto secundário, mas não como o principal apoio de um argumento que propomos como sólido. Uma outra falha de distinção típica ocorre quando se confunde explanação com evidência. A simples existência de uma possível explicação não é uma evidência sólida o suficiente para apoiar um argumento, a não ser que essa explicação seja inquestionável ou altamente provável.

Distinção entre familiaridade e validade
[.....]

Distinção entre frequentemente e sempre
[.....]

Distinção entre crença e verdade
Uma crença é uma proposição que temos em nossa mente. Tomada de forma isolada, essa crença não pode ser interpretada como sendo uma "verdade". É, quando muito, uma suspeita, uma hipótese, algo com o qual podemos iniciar nosso processo de investigação. Suponha, por exemplo, que você tenha entrado no prédio onde trabalha de manhã cedo. Ao entrar, você viu que as nuvens no céu estavam "carregadas" e cinzas. Você se lembrará de que ontem foi a mesma coisa, e ontem tinha chovido. É natural que conjecture que hoje também possa chover durante o dia. Se o seu escritório não tem janelas, você ficará com uma crença em sua mente de que pode ter chovido. Assim, logo antes de sair para o almoço, você terá uma crença de que choveu, mas não terá uma "verdade". Ao sair, se vir a calçada em frente ao seu edifício toda molhada, poderá reforçar sua idéia de que choveu. Mas ainda assim, não é "certeza", pois alguém pode ter lavado a calçada. Ao ver carros estacionados na rua com os vidros molhados, terá nova evidência de que pode ter chovido, aumentando sua crença. Assim, aquilo que mantemos como hipótese em nossa mente depende essencialmente dessas evidências externas, e não daquilo que "achamos" que pode ter ocorrido.

Distinção entre inexplicado e inexplicável
[.....]

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